Num mundo cada vez mais acelerado e exigente, é comum encontrarmos pessoas que, mesmo sentindo-se esgotadas, continuam a dizer “sim” a tudo e a todos. A necessidade de agradar, o medo da rejeição ou a dificuldade em lidar com a culpa fazem com que muitas pessoas ultrapassem os seus próprios limites, colocando o bem-estar dos outros sempre em primeiro lugar. Na prática clínica, é frequente vermos pessoas a chegar a níveis de exaustão emocional e física por não conseguirem estabelecer limites nas suas relações pessoais e profissionais.

A Importância de Estabelecer Limites nas Relações

O que significa estabelecer limites?
Estabelecer limites consiste em definir, de forma clara e respeitosa, aquilo que é aceitável e saudável nas nossas relações. Estes limites podem ser físicos, emocionais, temporais, intelectuais ou até mesmo materiais. São, em última instância, uma forma de proteger a nossa saúde mental, preservar a nossa identidade e garantir o respeito mútuo nas interações com os outros.
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, estabelecer limites não é egoísmo, é um ato de autocompaixão. É reconhecer que também temos necessidades e que cuidar de nós não invalida a preocupação com os outros.
Porque é tão difícil dizer “não”?
Estabelecer limites pode ativar emoções desconfortáveis como a culpa, o medo ou a vergonha. Muitas pessoas cresceram a acreditar que ser “boas”/bom significa agradar sempre, estar sempre disponível colocar os outros em primeiro lugar. Assim, dizer “não” pode ser interpretado, erradamente, como um ato de rejeição.
Há ainda o receio da reação dos outros; que fiquem magoados, chateados ou que se afastem. E há também vozes internas críticas, que nos acusam de sermos egoístas por colocarmos as nossas necessidades em primeiro plano. Tudo isto contribui para que, muitas vezes, ultrapassemos os nossos próprios limites e ignoremos os sinais de desgaste.
Como saber se está a precisar de estabelecer limites?
Estes são alguns sinais de alerta:
• Sente-se frequentemente sobrecarregado(a) ou esgotado(a);
• Tem pouco tempo ou energia para o que realmente importa para si;
• Fantasia com a ideia de “fugir” ou desaparecer;
• Sente frustração ou ressentimento em relação a quem lhe pede ajuda;
• A sua saúde emocional ou física está a deteriorar-se;
• Sente que está a viver em função das expectativas dos outros.
Se se identifica com alguns destes sinais, é provável que precise de repensar os seus limites.
Se sente que tem dificuldade em estabelecer limites ou está a viver no limite, fale connosco. Estamos aqui para o ajudar, com empatia, respeito e compaixão.

Autores

Marina Oliveira

Psicóloga Clínica e da Saúde Mestre em Psicologia Clínica: Intervenções Cognitivo-Comportamentais, pela Universidade de Coimbra. Formação especializada em reabilitação psicossocial em saúde mental Experiência em prática clínica em contexto institucional, com base no modelo de reabilitação psicossocial, experiência na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados em Saúde Mental